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#37939
Enviado Anônimamente 16/03/2018

Tenho 13 anos, não sei se realmente não me apego a alguém, mas lendo os comentários dessas pessoas com quem eu me identifiquei muito. O meu pai mora na cidade que eu vivi até os meus 12 anos e eu, diferente do meu irmão, não sinto nenhum tipo de saudade dele e também não me faria diferença se ele morresse e o mesmo com a minha mãe, meu irmão. um dia desses me fizeram uma pergunta que eles diziam ser “impossível” de responder: “você salvaria seu pai ou sua mãe?”. E eu simplesmente respondi mentalmente: meu pai, já que ele traz dinheiro para casa. Os meus pais nunca foram presentes, sempre ficavam fora e se separaram quando eu tinha 11 anos, depois eu descobri sozinha que o motivo era que minha mãe traía o meu pai, mas eu fiquei indiferente. E na mesma época a mulher que cuidou de mim mais que a minha mãe foi demitida porque descobriram que ela roubava nosso dinheiro, mas eu não me importei, depois de um ano eu me mudei de cidade mas eu não sinto saudade de ninguém, esse ano mudei de escola mais uma vez, mas eu não me importo e também descobri que uma garota que eu tinha contato está com câncer, mas eu só pensei que era uma pena e nada mais. E eu tenho contatos mas não me importaria se eles desaparecerem e nunca mais fossem vistos, as relações que eu tenho são todas superficiais. Eu sou extremamente racional, a única coisa que tira um pouco de minha racionalidade é a ira, mas tirando isso nada mais, eu também adoro ficar sozinha, sinto que é o único momento que posso relaxar e não ser um molde da sociedade, eu fico extremamente incomodada com multidões e pessoas que não respeitam o espaço pessoal, isso é estranho? Quer dizer que não me apego a ninguém?

Cara visitante do Oiaqui, que seria capaz de dizer o que vem a ser a normalidade psíquica, a coerência comportamental? Nesse universo não há uma regra, norma. Cada um de nós orbita num mundo todo seu, fruto de genética e vivências pessoais. Para teres uma idéia desse emaranhado, sugiro que leias O ALIENISTA, do grande Machado de Assis, que por volta de 1873 já percebeu o cipoal de confusões no qual se envolve todo aquele que se mete, como aconteceu ao desditoso Dr. Simão Bacamarte.
Se tens paciência para enfrentar a leitura, segue um resumo do conto, para que te estimules a lê-lo:

SEGUE UM RESUMO DE “O ALIENISTA”:
Após conquistar respeito em sua carreira de médico na Europa e no Brasil, o Dr. Simão Bacamarte retorna à sua terra-natal, Itaguaí, para se dedicar ainda mais a sua profissão. Após um tempo na cidade, casa-se com a já viúva D. Evarista, uma mulher por volta dos vinte e cinco anos e que não era nem bonita e nem simpática. O médico a escolheu por julgá-la capaz de lhe gerar bons filhos, mas ela acaba não tendo nenhum sequer.


Certo dia o Dr. Bacamarte resolve se dedicar aos estudos da psiquiatria e constrói na cidade um manicômio chamado Casa Verde para abrigar todos os loucos da cidade e região. Em pouco tempo o local fica cheio e ele vai ficando cada vez mais obcecado pelo trabalho. No começo os internos eram realmente casos de loucura e a internação aceita pela sociedade, mas em certo momento Dr. Bacamarte passou a enxergar loucura em todos e a internar pessoas que causavam espanto. A primeira delas foi o Costa, homem que perdeu toda sua herança emprestando dinheiro para os outros, mas não conseguia cobrar seus devedores. A partir daí diversas outras personagens serão internadas pelo alienista.

Enquanto essas internações vão se sucedendo e deixando a população da cidade alarmada, D. Evarista encontra-se em uma viagem pelo Rio de Janeiro. Ela havia ficado muito deprimida pela falta de atenção que o marido lhe dava, quase voltando a se sentir uma viúva novamente, e ganhara do Dr. Bacamarte uma viagem para conhecer o Rio. Todos na cidade viam na volta de D. Evarista a solução para as inesperadas internações feitas pelo alienista. Porém, mesmo após ela retornar à cidade o Dr. Bacamarte continuou agindo da mesma forma.


Com o tempo, a cidade vai adquirindo um clima cada vez mais tenso e o barbeiro Porfírio, que a muito almejava ingressar na carreira política, resolve armar um protesto. Porém, quando se descobre que o alienista pediu para não receber mais pelos internos, a ideia de que as inúmeras reclusões não eram movidas por interesses econômicos corruptos, o movimento se enfraquece. Porfírio, no entanto, movido por sua ambição de chegar ao poder, consegue armar a Revolta dos Canjicas (o barbeiro era conhecido por “Canjica”). A população se move até a casa do Dr. Bacamarte para protestar, mas é recebida por ele de forma muito equilibrada e racional. Por um momento parecia que a fúria do povo havia sido controlada, mas a população se revolta novamente quando o alienista lhes dá as costas e volta a seus estudos.

É quando a força armada da cidade chega para tentar controlar a população. Porém, para a surpresa de todos, a polícia se junta aos revoltos e Porfírio se vê em uma posição poderosa como líder da revolução. Resolve, então, dirigir-se até a Câmara dos Vereadores para destituí-la. Agora com plenos poderes, Porfírio chama o Dr. Bacamarte para uma reunião, mas ao invés de despedi-lo junta-se a ele e assim as internações continuam na cidade.


Dias depois, 50 apoiadores da Revolução dos Canjicas são internados. Outro barbeiro, o João Pina, levanta-se contra e arma uma confusão tão grande que Porfírio é deposto. Mas a história se repete e o novo governo também não derruba a Casa Verde. Pelo contrário, fortalece-a. As internações continuam de forma acelerada e até D. Evarista é internada após passar uma noite sem dormir por não conseguir decidir que roupa usaria numa festa.

Por fim, a cidade encontrava-se com 75% de sua população internada na Casa Verde. O alienista, percebendo que sua teoria estava errada, resolve libertar todos os internos e refazer sua teoria. Se a maioria apresentava desvios de personalidade e não seguia um padrão, então louco era quem mantinha regularidade nas ações e possuía firmeza de caráter. Baseado nessa sua nova teoria, o Dr. Bacamarte recomeça a internar as pessoas da cidade e o primeiro deles é o vereador Galvão. Ele havia proposto na Câmara uma lei que impedia os vereadores de serem internados. Assim, as internações continuam na cidade. Outras pessoas, porém, são consideradas curadas ao apresentarem algum desvio de caráter.

Após algum tempo, o Dr. Simão Bacamarte percebe que sua teoria mais uma vez está incorreta e manda soltar todos os internos novamente. Como ninguém tinha uma personalidade perfeita, exceto ele próprio, o alienista conclui ser o único anormal e decide trancar-se sozinho na Casa Verde para o resto de sua vida.
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