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#47081
Enviado Anônimamente 05/11/2022

Dr tenho 34 anos, pratico atividades físicas. Sou muito ansiosa, me irrito fácil e quando vou dormir me espanto com qualquer barulho, coração acelera, chega falta o ar. Teria um medicamento pra aliviar esses sintomas, sem me deixar sonolenta durante o dia? Pq trabalho e cuido da minha filha de 2 anos.

Todo o seu relato está contido no contexto de uma ansiedade generalizada crônica: coração que acelera, respiração se tornando rápida e superficial, qualquer pequena insatisfação conduzindo a uma resposta desproporcional, atitudes agressivas, fadiga e insônia. Existem vários tipos de transtornos de ansiedade, sendo que os principais são: 1. Transtorno do pânico (TP), 2. Fobia social (FS), 3. Agorafobia com pânico (TPA), 4. Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), 5. Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).

O diagnóstico está feito: você é mais uma dentre milhões de ansiosos que vivem nesse planeta. A ansiedade e sua irmã gêmea - a depressão - são as causas mais comuns de sofrimento mental no mundo. E o Brasil é, atualmente, o pais com maior concentração de ansiosos. Calcula-se que existem, no Brasil, cerca de 12 milhões de ansiosos, a maioria sendo como você: mulheres jovens, sobrecarregadas por desafios materiais e afetivos. E o pior é que a metade dessas pessoas não busca qualquer tipo de tratamento ou ajuda.

Os filósofos definem sua condição como sendo o mal-estar da pós-modernidade. Segundo tais pensadores, uma grande parte dessa situação resulta de uma crescente incompatibilidade entre nossas necessidades individuais (“ser para si”) e as exigências sociais e culturais (“ser para os outros”). Nas gerações anteriores à sua existia um sólido, gregário e permanente sistema de proteção familiar, centrado nas figuras paterna e materna, funcionando como uma “rede de proteção”. Agora isso desapareceu e tudo se tornou temporário. Nada mais é sólido. Agora tudo ficou liquido, fluido, impermanente, banal, incapaz de manter-se firme. Enfim, a vida atual se transformou num continuo montar e desmontar, onde tudo é frágil, se desmanchando no ar, com amizades e amores fugazes, gerando uma vida de constante insegurança. A tudo isso soma-se o conflito entre o TER e o SER, em torno da ânsia humana pela acumulação, pelo controle sobre as condições materiais da existência. E, por causa e efeito de tudo isso, aqui estamos, homens e, sobretudo, mulheres jovens, presos nessa “armadilha” que nos rouba a paz interior e a dignidade.


Não existe UM TRATAMENTO para controlar ou reduzir a ansiedade. São vários os métodos de abordagem terapêutica da ansiedade, variando de pessoa a pessoa, dependendo das características de cada uma.

Seguem alguns conselhos: praticar muita atividade física (sobretudo caminhadas, natação e ciclismo), dormir no mínimo 8 horas por dia, evitar alimentos ansiogênicos (café, refrigerantes, doces), fugir de cigarro, álcool, alimentos gordurosos, rejeitar pensamentos negativos, cultivar amizades agradáveis, criar um relacionamento de cumplicidade e apoio mútuo com sua filha, não se deixar dominar pelas armadilhas do consumo, fazer do trabalho e do crescimento profissional a sua religião, evitar as mídias sociais (principalmente o perigoso e fútil Instagram). E leia muito, muito mesmo, sobre o assunto. No Google e no YouTube você encontrará muitas referências interessantes. Lute para conhecer a você mesma. Decifre-se, ou a ansiedade lhe devorará.

Se você não conseguir controlar seus sintomas através de um esforço pessoal, busque ajuda médica, agendando consulta com psicologo ou com psiquiatra. Mas tenha cuidado com sua escolha daquele (daquela) que deverá ajudar-lhe, pois é grande a população desses profissionais que não dispõe de conhecimentos e experiência suficientes para cuidar dessa complexa enfermidade de modo eficaz.

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