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#47516
Enviado Anônimamente 28/02/2023

Olá Dr Boa tarde, aconteceu uma coisa terrível na minha vida: eu ganhei um cachorrinho e ele estava saudável, uma fofura, carinhoso e lindo. só que ele chorava muito pra dormir à noite. Logo na primeira noite ele dormiu comigo na cama, sem problemas. Só que na segunda noite aconteceu uma tragédia eu coloquei ele na cama, porque não parava de chorar e apaguei. Quando acordei, o cachorro estava morto, emcima da minha cama. Eu fiquei desolado, gritei, chorei, fiquei em estado de choque. Eu até cogitei cometer suicidio, porque a culpa que estou carregando em mim está insuportável. E quando me vem na mente a hora do ocorrido, só quero chorar, gritar e estou em pânico, pois minha irmãzinha chorou muito, passou mal e eu me sinto responsável por tudo isso. Eu já orei, pedi perdão, mas sinto como se a cada minuto que passa a culpa e a dor vêm mais em mim. E vem flash na minha mente, da hora do ocorrido; lembro de cada minuto e me vem um dor no peito, um frio na barriga e uma vontade forte de chorar e sumir. Eu sei que provavelmente estou errado e irei pagar caro por esse erro trágico e que vou carregar a culpa pra sempre. Mas o senhor acha que posso fazer algo? Pra me ajudar a diminuir isso. E o senhor também acha que fui culpado? Eu me sinto culpado e sei que sou, mas não sei, só quero sumir. Dr estou escrevendo isso com lágrimas nos olhos, preciso de ajuda.. Boa tarde, Deus lhe abençoe o senhor é uma pessoa maravilhosa, fui eu que mandei a pergunta que não tinha base pra estudar e que sonhava em ser médico. Eu acho que o senhor deve lembras. Enfim, Dr estou me sentindo um lixo.

Meu caro, todos nós já passamos por tragédias que foram causadas por erros que cometemos. Há muitos anos passei por uma experiencia igual à sua. Eu morava numa casa bonita - num terreno de 100x100 metros - com 26 árvores e muitos animais de estimação: patos, carneiros, tucanos, 2 cachorros… e um veadinho, que me havia sido ofertado por um cliente do interior. Pois bem, ele se afeiçoou muito a mim e aos meninos. E todos na casa o adoravam. De manhã, ao sair de casa, eu sempre me despedia dele com um carinho em sua testa. Numa manhã recebi um chamado de urgência, vindo do hospital onde trabalhava e saí muito apressado; entrei no carro correndo, engatei uma ré, e… ouví um berro agudo, imediatamente percebendo que havia atropelado o veadinho. Foi muito, muito ruim. Passei muito tempo a me culpar. Só depois de alguns meses e após muitas reflexões, me compensei através da percepção de que nossas vidas, nossas experiências existenciais, seguem um determinismo, algo que muitos chamam de destino. Ou seja, nossa história de vida marcha por uma trilha implacável da qual é impossível fugir. Portanto, meu caro, não brigue com o destino. Você não tinha a intenção de maltratar seu cãozinho. Além disso, a cada vez que você alimentar essa lembrança triste, culpabilizante, estará revivendo essa fatalidade, estará, de novo dando vida à cena. Pergunte-se, então: - “Para que serve esse sofrimento ao qual estou me submetendo?”.

Quantas experiencias alegres, felizes, você ja experimentou na vida? Várias, não é mesmo? Por quanto tempo você ficou a lembrar delas e a festejar, alegrando-se, revivendo, sua festa interior? Por quanto tempo você recordará intensamente aquelas alegrias e convidará seus amigos e parentes a relembrar com você tudo de bom que experimentou? Talvez uma semana, ou duas. Mas, depois de alguns dias tudo se sedimentará na rotina e a vida voltará ao seu normal. E, se depois de um mês, você continuar a comemorar aquela alegria, compartilhando novamente tudo com os amigos e parentes, eles se dirão: -“De novo, a mesma história,a a mesma comemoração? Estará ele maluco?”. Pois é, seja sábio, sensato, aprendendo que as dores nos fazem crescer e amadurecer. E tenha certeza, durante sua vida, que será longa, haverá dias de festa e de alegria, nos quais você colherá flores. Mas também haverá dias em que você se perguntará se faz sentido viver. Pois ninguém, ninguém mesmo, colhe flores o ano inteiro.

Mas, tenha certeza, a alegria é poderosa e a esperança sempre vence a desilusão.

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