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#47920
Enviado Anônimamente 05/06/2023

Doutor! tenho dez anos de experiência como técnica de enfermagem, mas me envergonho de não ter sequer um curso em especializações. Na hora de entregar curriculum isso empata em conseguir uma vaga de emprego

Seu relato não tem qualquer fundamento, quando confrontado com o que sempre observei na vida real: construí e administrei 4 hospitais, durante 23 anos. Convivi com centenas e centenas de técnicas de enfermagem. As mais brilhantes dentre as que conheci não tinham frequentado qualquer curso de especialização. O diferencial dessas profissionais era o compromisso para com a medicina e para com o cliente, a curiosidade intelectual, a altivez e a dedicação ao oficio. Algumas delas, lembro-me bem de vários casos, foram capazes de salvar vidas, quando enfermeiras e médicos haviam errado. Recordo bem de um desses casos, muito emblemático: era um final de tarde, num sábado, há cerca de 10-12 anos, quando recebi telefonema de uma técnica de enfermagem do Prontomed Adulto, dizendo-me:

-“Dr. Cerqueira, desculpe-me por estar lhe incomodando, mas acho que aqui no semi-intensivo I há um paciente com abdome muito estranho. Já falei isso para a enfermeira do PS e para um dos médicos plantonistas, mas eles não ligaram para o que eu disse”.

Morando perto do hospital, lá cheguei em poucos minutos. A tecnica de enfermagem estava a me esperar no posto de enfermagem e fomos ver o paciente. Era um senhor de uns 65 anos, consciente e orientado. Perguntei-lhe o que sentia. Ao que ele respondeu:

-“Estou sentindo muitas dores na barriga, desde as 11 horas da manhã hoje, quando cheguei em casa, depois de fazer exame numa clinica”.

-“Que exame o senhor fez?”, perguntei-lhe. Ao que ele respondeu:

-“Colonoscopia”.

Sendo um radiologista, logo um alerta se acendeu para mim: IDOSO+COLONOSCOPIA+DORES ABDOMINAIS = PERFURAÇÃO DE SIGMÓIDE”.

Conduzimos o paciente ao setor de radiologia, onde uma radiografia panorâmica do abdôme permitiu imediata confirmação diagnóstica.

Como o paciente se encontrava em jejum desde a manhã, foi logo conduzido ao centro cirúrgico, onde uma cirurgia de laparotomia exploradora constatou que a cavidade peritoneal estava inundada de contraste baritado, a partir de uma perfuração na parede posterior do intestino grosso distal (sigmoide).

O paciente sobreviveu, recebeu alta uma semana depois e continua vivo, graças àquela maravilhosa tecnica de enfermagem. Se aquele senhor não tivesse sido operado naquela noite, na manha seguinte estaria agônico e nada mais poderia ser feito para salvá-lo.




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