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#43972
Enviado Anônimamente 20/03/2020

Doutor, estou muito confuso e triste, pois me sinto incapaz de viver a vida como os outros, parece tão facil pra eles, mas pra mim é complexo demais! Eu tambem sou um telespectador da vida dos outros e eu me acho chato! Parece que as pessoas nao me vêem com interesse o suficiente pra elas. É horrivel, me sinto mal sempre que penso, mas parece que não passa, só aumenta! Essa angustia me corrói, eu só queria que alguem me amasse por eu ser eu! Eu amo meus pais, meus irmãos e meu amigos! Eu sou muito empático e isso parece não fazer diferença pros outros! Eu faço tudo sabendo que não irei receber nada em troca, mas isso me deixa triste, eu só queria pelo menos um pouco de atenção. Eu sempre pergunto e vejo se as pessoas estão bem, mas ninguem pergunta como estou! Quando desabafo me acham estranho e não conseguem me compreender! Eu só queria ser burro e simples! Penso logo sofro! Gosto da solidão mas não quero ser sozinho pra sempre... Eu quero um amor! Estou confuso demais pra um jovem da minha idade! PRECISO DE AJUDA. POR FAVOR, ALGUEM ME AJUDA.

Ola, amigo. Esse seu relato é a mais perfeita tradução do mal estar que acomete a grande maioria das pessoas que vivem nos dias atuais. Principalmente aquelas pessoas que, como você, têm uma sensibilidade aguçada. Vivemos, cada vez mais, numa sociedade hipercompetitiva, individualista, sedenta por consumo e profundamente narcisista.

Eu também me sinto como você, mas uso a sabedoria dos grandes filósofos para compreender que não se trata de um problema, um defeito meu. Lembremos de Benedictus Spinoza, o grande pensador medieval (século 16) que disse: “Nem rir, nem chorar, apenas entender”. Entender o que? Entender que nossa mente, nossos cérebros, nossos valores, foram desenhados por séculos de evolução dentro de um modelo de convivência que, nos últimos 150 anos, se desmanchou no ar. Agora, ao invés de uma família enorme, unida, constituída por vários membros em coabitação, vivemos em famílias uniparentais, insuladas, assustadas e frágeis; ao invés de termos o Estado protetor do passado, temos o Estado opressor; ao invés de termos o poder hegemônico dos homens sobre as mulheres, que adotavam uma postura submissa, precisamos entender que elas agora têm direitos a serem acolhidos, tais como o respeito à liberdade e à nossa lealdade.

Enfim, pare de choramingar, vá à luta, conquiste através da perseverança e do instinto de sobrevivência seu espaço nesse cenário gladiatorial no qual se transformou o mundo moderno. Lembrando do que já estava escrito no enigma da esfinge de Tebas: “Decifra-te ou te devoram”. Ou seja, atinja a tolerância, a paz e o poder de compreensão do mundo e dos outros, dando o primeiro passo de buscar entender você mesmo. Só assim você conseguirá criar relacionamentos afetivos sólidos e gratificantes com aqueles que lhe estão em volta. Para isso, leia sem parar, aprender a falar, aprenda a ouvir, trabalhe com afinco e seja alegre. Pois a vida é breve.

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Enviado Anônimamente
Meu caro, eu também já convivi com essa angústia...As pessoas geralmente me rejeitam porque confundem a minha timidez com arrogância. Por muito tempo eu me isolei o quanto pude, mas hoje eu prefiro acreditar que elas me rejeitam pelo simples fato de não entenderem o meu modo de agir, que não é condizente com a mentira e o egoísmo que elas pensam que escondem.Apesar disso, tive a oportunidade de conhecer muita gente bacana, que não teve medo de se aproximar. Nesse mundo louco, se você não compartilha das mesmas ideias mesquinhas que os outros, estes passam a julgá-lo negativamente. As pessoas que realmente se dispõem a conhecer as outras profundamente é que valem a pena. De perto ninguém é normal.
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24/03/2020

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